Evacuação de emergência dos aviões e os procedimentos indispensáveis
Evacuação de emergência dos aviões é um procedimento que contempla um dispositivo inflável, o qual chamamos de “slide,” e permite a evacuação da aeronave rapidamente. Junto a este dispositivo está a ação e coordenação dos comissários que são, continuamente, treinados para executar a manobra dentro dos parâmetros estipulados.
Os slides tem na aviação, também, o nome de escorregadeiras. O slide é obrigatório nas aeronaves comerciais, ou seja, que transportam passageiros, cuja altura da soleira da porta esteja a 1,80 metros do solo, ou mais. Essa é a altura limite determinada pela FAA (Federal Aviation Administration) para que as pessoas saiam do avião sem se ferir.
As escorregadeiras ficam em pacotes e permanecem dentro da estrutura da porta, sob a proteção de uma carenagem que se nota pela saliência na parte de baixo da porta e, cujo tamanho, depende do tamanho da aeronave, do tamanho da porta e da localização da saída.
Um dos principais trabalhos dos comissários é vigiar, constantemente, a porta do avião. Isso porque, quando se fecha a porta para o início do voo, a escorregadeira deve estar na posição de engate ao piso do avião para que, em caso de evacuação, haja o acionamento automático da escorregadeira. Considere que há, sempre, um comissário em cada porta.
Regulamento sobre evacuação de emergência dos aviões
Os regulamentos da FAA e da EASA (European Union Aviation Safety Agency) exigem a instalação da escorregadeira após aprovação perante testes (em simulações reais) em todas as saídas de aeronaves onde o piso esteja a 1,80 metros, ou mais, acima do solo. Existe também o requisito para que “todos” os passageiros possam sair da aeronave dentro de 90 segundos.
O slide, sendo um dispositivo inflável, permite que as pessoas saiam com segurança em uma taxa suficientemente alta para cumprir os 90 segundos. Cada modelo de aeronave, inclusive, deve alcançar este requisito para conseguir a homologação. As escorregadeiras são o meio de referência para se cumprir os requisitos da regulamentação, embora algumas aeronaves de carga utilizem métodos diferentes.
História da evacuação de emergência dos aviões
O primeiro escorregador de evacuação de aeronave teve desenvolvimento e produção da Air Cruisers, sendo James F. Boyle o seu fundador e, também, inventor do colete salva-vidas da Segunda Guerra Mundial, o “Mae West.” Boyle, em 1954, submeteu a patente para o conjunto de scape slide inflável. Ele recebeu a aprovação em 1956.
Hoje, a Air Cruisers faz parte da Zodiac Aerospace e é de propriedade da Safran, que é o maior fornecedor mundial de escorregadeiras de evacuação. Antes dos infláveis, algumas aeronaves de passageiros utilizavam escorregadores de lona, o que exigia que a tripulação realizasse um extenso procedimento de amarração.
Em 1965, desenvolveu-se a ideia de combinar a escorregadeira inflável e um bote, no mesmo conjunto. Anteriormente, os botes salva-vidas ficavam em diferentes posições e a tripulação tinha que acioná-los de forma manual na cabine, separadamente, após um pouso na água.
Jack Grant, superintendente de segurança de operações da Qantas apresentou o novo design de escorregador/bote à Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA).
Tipos de vacuação de emergência dos aviões
Existem quatro tipos de auxílio à evacuação de emergência dos aviões infláveis cobertos pela Ordem Técnica da EASA:
I – Slide
II – Slide/Raft (bote)
III – Rampa de saída
IV – Rampa de saída/Slide
Tipo I
Os slides Tipo I e os slides/botes do Tipo II funcionam da mesma forma em terra, permitindo que se chegue da porta até o solo. Os slides/botes também funcionam como bote salva-vidas em um desembarque na água e, portanto, devem incluir recursos específicos de sobrevivência no mar, como uma tenda e kits de sobrevivência contendo itens como reparos de vazamento, pás e sinalizadores. Mesmo quando se tem apenas um escorregador Tipo I, ele tem flutuabilidade suficiente para atuar como um auxílio no caso de um pouso na água.
Tipo III
Uma rampa inflável Tipo III é uma pequena plataforma que se pode instalar para permitir fácil acesso, por exemplo, de uma porta de saída sobre a asa até uma área da estrutura de onde um slide separado ou um salto possa alcançar o solo, dependendo na altura.
Tipo IV
O Tipo IV combina a rampa e o slide em uma unidade funcional. As saídas sobre as asas das aeronaves Airbus A320, Airbus A380, Boeing 747, Boeing 757, Boeing 767 e Boeing 777 usam rampas em várias configurações.
Os slides de evacuação de emergência possuem vários tamanhos
Os slides podem ser de faixa simples ou dupla, dependendo da largura da saída em que estão instalados e, nos testes, devem apresentar uma taxa de saída nominal de 70 pessoas por minuto por faixa.
Aeronaves widebody usam, normalmente, o escorregador de pista dupla nas suas grandes portas principais. Este slide é capaz de transportar duas linhas paralelas de sobreviventes.
Os tripulantes podem desconectar tanto o slide quanto o slide/bote da aeronave. Isto pode significar, por exemplo, ter que levantar a aba da barra e puxar a corda para desprender o slide.
Esses procedimentos, geralmente, tem placas em vermelho, marcando no slide, “Somente para uso em pouso na água.” Uma vez que se separa o slide, ele permanece preso à aeronave por um cabo de amarração. Este cabo irá se romper se a fuselagem submergir ou, ainda, o tripulante ou sobrevivente poderá desconecta-lo manualmente por uma alça de reserva ou uma faca, presente no kit.
Outro tipo único de escorregador de evacuação de emergência dos aviões é aquele presente na família de aeronaves DC-9 e em seus sucessores, MD-80 e Boeing 717. Esse tipo de escorregador fica no cone de cauda da aeronave. Ele permite a evacuação através da traseira da fuselagem, após o tripulante alijar o cone de cauda e implantar o slide.
Contudo, o procedimento para usar esta saída pode envolver a remoção de um anteparo de pressurização tipo tampão ou de uma porta giratória que leva diretamente a uma passarela. No final da passarela está o conjunto de slides e uma alça de lançamento manual do cone de cauda para uso emergencial caso o cone de cauda ainda não tenha sido alijado automaticamente.
Evacuação de emergência dos aviões da nova geração
Um dos mais novos avanços em tecnologia de deslizamento de evacuação está presente no Airbus A380 que possui desenvolvimento da Goodrich Aircraft Interior Products. Alguns escorregadores a bordo da aeronave possuem o Sistema de Inflação Tríbrido, que é parte de um sistema de detecção dentro da porta.
Se alguém abrir a porta no modo de emergência em uma atitude anormal (por exemplo, posição de nariz para cima devido à perda do trem de pouso), o escorregador inflará normalmente, mas, também, inflará vários metros de slide adicional para garantir que ele atinja o solo.
Isso contrasta com o Boeing 747, pois as portas presentes nessa aeronave não possuem tal sistema; o tripulante deve, então, bloquear as portas, caso o escorregador não atinja o solo, para evitar ferimentos aos passageiros.
Saídas pela porta principal
As escorregadeiras das portas principais da fuselagem fazem parte da própria porta. Este pacote, cuidadosamente embrulhado, normalmente fica dentro de uma carenagem, que é uma parte saliente na parte interna inferior da porta e que varia de acordo com o tamanho da aeronave e o tamanho e a localização da porta.
Em portas largas, típicas de aeronaves de grande porte, os widebody, estes serão slides de “pista dupla,” capazes de transportar duas filas paralelas de passageiros. Para reduzir o tempo de evacuação, os slides acionam-se automaticamente quando se abre uma porta na condição “armada.” O projeto usa várias formas de indicadores, como luzes, bandeiras e pinos com fitas, para demonstrar uma condição de “automática.”
Saídas sobre as asas
Todas as grandes aeronaves comerciais possuem escorregadores nas portas principais, mas alguns também possuem escorregadores para saídas sobre as asas. Isso inclui as aeronaves Boeing 767, Boeing 757 e Airbus da série A320.
Normalmente, os slides de evacuação sobre as asas não tem previsão para uso em situações de amaragem (pouso na água). Isto porque não se pode destaca-los e eles não funcionarão, pois os aspiradores do slide, que absorvem água, desativam o sistema.
Aeronaves em que não há slide sobre as asas, como os Embraer 190, Boeing 717 e Boeing 737, não os exigem por regulamento porque, quando o piloto abaixa totalmente os flaps, estes ficam baixos o suficiente em relação ao solo para atender ao requisito.
Evacuação de emergência dos aviões pelas janelas
As saídas de janela geralmente vêm em duas configurações:
Saída tipo escotilha
A janela é destravada e puxada para dentro da cabine. Algumas companhias recomendam colocar a escotilha nos assentos adjacentes, enquanto outras podem recomendar deixá-la cair na próxima fileira de assentos ou, até mesmo, girá-la e jogá-la para fora da aeronave o mais para frente possível. Uma alça de inflação manual para o escorregador de evacuação, se presente, pode estar na moldura da janela. A maioria das saídas sobre as asas das aeronaves são deste tipo.
Saída articulada e auto descartável
A janela se lança automaticamente para fora com o uso de uma mola quando se puxa a alça de saída. Os projetistas pensaram neste modelo de saída em resposta à pesquisa que surgiu após o desastre aéreo de Manchester, em 1985, que concluiu que as saídas do tipo escotilha eram difíceis de abrir por passageiros não treinados. Atualmente, se encontra este projeto apenas em aeronaves Boeing 737 NG.
As saídas das janelas geralmente possuem cordas ou lifelines. Elas podem estar fixas na moldura interna da janela ou presentes em um compartimento próximo. Em uma extremidade há uma fivela para conectar a corda aos acessórios nas asas da aeronave.
Portas com slide armado está pronta para a evacuação de emergência
Assim que se fecham as portas do avião, o comandante solicita que os comissários coloquem as portas na posição “automático.” Isto significa que, em caso de emergência, os slides serão inflados segundos após a abertura das portas. Não necessariamente os slides se inflarão. Isso vai depender da dinâmica da emergência. Caso o comandante julgue que é necessário inflar os slides, ele dá esta instrução ao comissário chefe.
Se houver, por exemplo, uma emergência em que não haja fogo ou iminente perigo, os passageiros sairão da aeronave com ajuda do apoio em terra do próprio aeroporto. Essa situação não enseja o uso dos slides.
Não é permitido que um avião, com passageiros a bordo, esteja com as portas em manual. Isso porque, a qualquer momento pode ser necessário abrir as portas em emergência e os comissários não farão o acoplamento após a declaração de emergência.
Instalação dos slides nas portas
Instalar um slide na porta é um processo que demanda tempo e paciência da equipe de manutenção. Isso acontece, geralmente, depois de uma checagem periódica. O mecanismo genial do funcionamento de um slide requer que diversos componentes funcionem com a precisão de um relógio suíço.
Quando o comissário coloca a porta na posição “automático,” um mecanismo conecta este pacote amarelo ao piso da aeronave. Desta forma, se for necessário abrir a porta, o slide inflará em segundos para que, só então, o comissário oriente os passageiros para evacuar. Caso o slide não infle, há ainda uma alça que o comissário puxa para inflar manualmente. Mais um recurso redundante.
Operação
Antes da partida (geralmente antes da partida do motor), todas as portas da aeronave são colocadas no modo armado (ou automático) pela tripulação de cabine. Os métodos de armar variam de aeronave para aeronave, mas em última análise, a barra de metal da extremidade da porta é fisicamente fixada em suportes dentro ou adjacentes ao peitoril da porta.
Em aeronaves mais antigas, como o Boeing 737, isso é feito fisicamente pela tripulação de cabine. Na maioria das outras aeronaves esse procedimento envolve empurrar uma alavanca na própria porta que a arma internamente.
Se uma evacuação rápida for necessária e as portas forem abertas enquanto “armadas,” a abertura da porta puxa o conjunto do slide para fora da carenagem (porque a barra metálica está fisicamente presa ao piso da aeronave).
Devido ao peso da porta e do slide, é necessário um grande esforço para empurrar a porta o suficiente para liberar o slide, portanto, em aeronaves maiores, uma função de “assistência elétrica” entra em ação para auxiliar na abertura, seja eletricamente ou com gás comprimido.
Assim que o slide estiver completamente livre, ele cairá sob a ação da gravidade e, após percorrer uma certa distância, um pino será puxado por um rojão contendo gás comprimido e, então, o conjunto inflará. Caso este sistema falhe, o escorregador pode ser inflado manualmente pela tripulação de cabine, que, por sua vez, puxa uma alça de inflação manual na parte superior do escorregador.
Caso isso também falhe, os procedimentos operacionais padrão exigem que a tripulação de cabine mande os passageiros para longe da porta; para uma que tenha uma rampa de escape em funcionamento.
A evacuação de emergência tem instruções nos cartões a bordo
Cartões de segurança de aeronaves e demonstrações de segurança em voo orientam os passageiros onde estão as saídas de emergência mais próximas e como agir em caso de evacuação de emergência. Além disso, os comissários de bordo recebem amplo treinamento de segurança que abrange o uso de escorregadores de evacuação.
Aeronaves isentas
família Fokker 50, família Antonov An-148, família ATR e família Bombardier CRJ não possuem slides porque todas as saídas estão a menos de 1,80 metros de distância do solo, abaixo, portanto, do exigido pelos regulamentos.
Na porta de entrada principal, 1L, algumas dessas aeronaves possuem escadas que são conectadas à porta ou suspensas. Deixe sua opinião sobre Evacuação de emergência dos aviões
A evacuação de emergência dos aviões foi bem sucedida no Japão devido à cultura exemplar de disciplina e ordem dos japoneses, que deixaram seus pertences no avião, seguindo as ordens dos comissários. Você acha que todas as 379 vidas seria salvas, se o acidente acontecesse em outros países?
Siga o link para ler uma matéria completa sobre “Evacuação de Emergência.”
[…] […]